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A internet ferveu nos últimos dias. Aos montes, pipocaram em toda parte notícias, fotos, vídeos, textos e reportagens abordando, sob todos os ângulos possíveis, o terremoto e o conseqüente tsunami do Japão. Vi, na telinha do meu computador, cenas inéditas e cruéis que não vi na TV; conheci, através dos textos publicados em blogs e sites de notícias, alguns pontos de vista amplos e bem fundamentados sobre o evento sísmico, assim com também outros tantos bastante risíveis. Participei e moderei muitos debates sobre o tema nas listas de discussão que assino.
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Certo, tudo isso é de se esperar quando um evento catastrófico desta magnitude levanta poeira (no caso não poeira, mas muralhas de água) na nossa aldeia global. Aldeia sim, porque hoje estamos inegavelmente conectados, ligados, amarrados uns aos outros, somos todos UM. Por menos que entendamos ou aceitemos esta realidade, sim, somos UM.
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A catástrofe doeu no Japão e vai doer, num efeito dominó inevitável, no mundo todo. Seja por conta da radiação (que agora ameaça se espalhar amplamente), pelos inevitáveis problemas econômicos que surgirão para assombrar ainda mais as já combalidas finanças japonesas, russas e americanas (há outros falidos, mas vamos deixar para lá por enquanto) ou ainda pela escassez de alimentos que vai se desdobrar daqui para ali abraçando nação após nação, sem dar tréguas, eu tenho certeza que vai doer.
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Eu nutro uma imensa simpatia pelo povo japonês. Valentes, corajosos, organizados, laboriosos, eles saíram da segunda guerra mundial em farrapos, mas deram uma magnífica sacudida na poeira e uma imensa volta por cima da situação, atingindo níveis de desenvolvimento bastante significativos (não fosse pela crueldade praticada por eles na matança de baleias, de golfinhos e na falta de respeito pela dor da vida animal, eu os acharia a raça mais evoluída da Terra).
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Lamentando profundamente pelo fato de eles terem que passar mais uma vez por uma provação assim tão grande, acabei por sentir a necessidade de olhar para "o meu umbigo" (esta vidinha cotidiana de todos nós). Um umbigo brasileiro, um umbigo acostumado a presenciar algumas tormentas, mas não as naturais e sim as da corrupção onipresente nos diversos níveis do poder público, da Lei de Gerson (já impressa no DNA do cidadão médio), da alienação que varre a mente da população (intoxicada tanto por big mac's quanto por big brothers e por um consumismo deslavado e desenfreado).
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Embora este umbigo não esteja ainda acostumado a ver este tipo de tragédia acontecendo no quintal de casa, acho interessante que ele vá se acostumando à idéia de que já faz certo tempo que Deus pediu cidadania em outros rincões, deixando para trás a terra do samba, suor e cerveja, a terra das palmeiras onde canta o sabiá. Ocorre que um dia antes do terremoto do Japão acontecer, os gráficos do LISS (LIVE INTERNET SEISMIC SERVER, que é um site que mostra ao vivo uma coletânea de dados sísmicos coletados a partir de estações sismográficas instaladas em todo o mundo), mostravam uma muito intensa atividade sísmica global, simultânea, incomum, uma coisa de assustar, pois os monitores situados em terras brasileiras também mostravam atividade constante e preocupante. Algo assim como o planeta se chacoalhando como um cão após o banho, compreendem?
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Para quem não sabe, aí vão alguns dados que a mídia, no geral, não veicula: no dia 02 de março de 2011 um terremoto de 3.2 graus atingiu a cidade de Aliança do Tocantins (TO); no dia 04 de março de 2011 um terremoto de 3.7 graus atingiu a cidade de Estrela do Norte (GO); no dia 05 de março de 2011 um terremoto de 3.2 graus de magnitude atingiu a cidade de Montes Claros (MG). Foram três terremotos em apenas 72 horas, com a mídia em silêncio... (quereriam eles omitir informações desta natureza para não disseminar o pânico?)
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Como eu disse antes: hoje dói no Japão, amanhã talvez doa aqui, na nossa terrinha; no Chile, ainda mais exposto que nós; nos EUA, eternamente à espera do Big One; em qualquer outra parte do famigerado anel de Fogo do Pacífico. O Sol desperta e promete turbulências; a economia mundial vai indo mal das pernas; as safras quebram em todo canto por conta das secas, das enchentes, das nevascas. A situação se complica, meus caros!
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Bem, meu espaço para escrever se acabou por hoje, mas penso que ainda dá para deixar uma pergunta no ar, um algo para se pensar: E AGORA, JOSÉ?
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