quarta-feira, 26 de dezembro de 2012


É NATAL NOVAMENTE SOBRE A TERRA...

O Natal se aproxima e, embora muito discretamente, um clima especial vai se formando em torno de algumas pessoas. Poucas, estas pessoas sentem seus dias ficarem um pouco mais amorosos e vão vendo sua sensibilidade aumentar, enquanto as lembranças queridas começam a aflorar aos borbotões. É novamente aquele tempo bonito, aquele tempo de brilho, vermelho e verde na decoração, de árvores bonitas e de presentes enfeitados.

E muitos preparam suas vidas e seus corações para os dias que aí vêm fazendo grandes faxinas físicas e emocionais, em si e em torno de si, começando a celebrar em seus corações o nascimento de um ser (um ser real ou fictício, não importa... importa mesmo é o que essa ideia nos faz sentir!), o nascimento de um ser que encerra, no hemisfério ocidental, a nossa maior e melhor ideia de amor.

É certo que sabemos que esta época não é assim tão boa e bela para todos. Afinal, vivemos num mundo imperfeito e rico em variedade de culturas e costumes, um mundo na verdade meio enlouquecido, meio torto, um mundo que só segue em frente porque vai equilibrando suas paranoias, psicopatias e neuroses. E sabemos também que há muitas nuvens pesadas no céu das nossas emoções nestes dias. Sim, há nuvens escuras a nublar nosso horizonte, a comprometerem nossa preciosa sensação interior (já tão frágil!) de segurança, amor e fraternidade.

É que por mais que seja Natal, a grande festa da luz, nós não podemos nos esquecer das crianças e educadores que foram brutalmente assassinados dias atrás nos EUA; não conseguimos olvidar que a violência humana em relação aos animais permanece entre nós e que não mostra sinais de decrescer; que a guerra suja praticada no Oriente segue em frente, com as ações monstruosas de Israel, apoiado pelos EUA, penalizando os civis palestinos; que nossos índios estão sendo massacrados pelo agronegócio e pela indiferença governamental; que milhares de crianças ainda são brutalizadas impunemente em muitos lugares e que há milhões de seres humanos que não têm sequer com o que se alimentar, tudo isso enquanto fazemos nossas compras para a ceia festiva.

Mas a solução destes probelmas está fora das nossas mãos, certo? Nada podemos fazer, a não ser assistir aos fatos como espectadores passivos e impotentes. E assim, vamos assistindo aos caos que nos cerca chocados, horrorizados, penalizados... e só podemos mesmo é lamentar que seja assim, que mais há a fazer?

Em meio à frenética atividade das redes sociais nos últimos dias eu me vi levada de roldão pelas apaixonadas discussões políticas, pela justa indignação das pessoas com o descaso dos governantes para com as necessidades do povo, pelos apelos em nome da ética para que não se compre produtos do Boticário (porque eles apoiam o uso de peles de animais pelos estilistas da moda) e por tantas outras ideias assim arrebatadoras. Quase me senti adoecer de tanto que meu coração se entristeceu e se solidarizou, se revoltou e doeu nestes últimos tempos... houve dias em que andei triste além da conta mesmo.

Mas é Natal novamente, e a imagem de um menino iluminado nascendo numa manjedoura, a ideia de um ser divino e especial ter vindo ao encontro desta humanidade, perdida e desconexa, para semear a tolerância, o amor e a solidariedade, me enche de esperança e de novo alento. Talvez não sejamos um caso totalmente perdido, afinal. Talvez não precisemos torcer para que as profecias que rondam o vinte e um de Dezembro se realizem. Quem sabe até tenhamos condições de vir a ser uma humanidade fraterna, justa e ética algum dia, quiçá ainda possamos crer num futuro melhor.

Menino querido da manjedoura, Jesus, Cristo Planetário, Yeshua... não importa seu nome. Só queremos que você saiba que alguns de nós compreendemos e reconhecemos a sua luz, e que a acolhemos dentro dos nossos corações como semente preciosa, fazendo da sagrada comunhão entre o pouco que ainda somos e o muito que Você é, um caminho para a nossa iluminação pessoal. FELIZ NATAL!



PARADIGMAS

Somos  seres livres, certo? Nascemos para ser livres e pensamos e agimos como se fosse realmente assim. Alguns de nós somos cultos, eruditos mesmo, capazes de opinião própria, ampla e bem fundamentada, libertária.

Mas a esmagadora maioria das pessoas vive condicionada pelo meio e pelas ideias impostas pelo sistema, sem se aperceber do quanto repete padrões e comportamentos universalizados, considerados bons, aceitos e festejados como apropriados. Um contingente imenso de seres humanos perambula pela vida a esmo, andando como autômato, consumindo o que lhe indicam, amando aquilo que lhe apontam como amável, odiando aquilo que lhe dizem para odiar.

Fruto de uma sociedade doente e manipuladora, sociedade que percebe o diferente como um perigo em potencial, o ser humano tenta se amoldar e se adaptar, tenta ingerir, digerir e assimilar tudo aquilo que lhe torna palatável e bem quisto pelo seu próximo. E, nesse meio tempo, ele perde seu brilho interior, sua capacidade de discernir e julgar, a partir de valores mais genuínos e puros, aquilo que realmente lhe serve e que pode ser um fator benévolo para seu entorno.

Como tudo isso acontece é fácil de compreender: a família perpetua seus valores, alguns claramente sem fundamentos válidos, enquanto a religião impõe medos e culpas sem fim (sem esses elementos não se controla ninguém!) e a escola convencional apara, desbasta, formata e embala para viagem. E ao fim do processo desta insana linha de montagem, nos deparamos com seres descoloridos, desprovidos de capacidade crítica, de personalidade, seres capazes de reproduzir à exaustão comportamentos nefastos e desagregadores.

Esta pequena história que cito abaixo nos demonstra, de forma simples e clara, como é muito fácil dirigir, adestrar e imbecilizar pessoas.

“Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula. Em seu centro havia uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os cientistas lançavam um jato de água fria nos que estavam no chão.

Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros o enchiam de pancadas e, passado mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas. Então, os cientistas substituíram um dos cinco macacos.

A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não mais subia a escada. Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, da surra ao novato. Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o fato. Um quarto e, finalmente, o último dos veteranos foi substituído.

Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse chegar às bananas. Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: - "Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui...".

(Pode até ser utópico, mas um dos meus maiores objetivos pessoais é tentar fazer com que nunca, jamais, em tempo algum, eu chegue ao ponto de impedir alguém de subir as escadas, de fazer coisas das quais não compreendo o sentido...)

“UM DESFILE DE UNHAS” 

(OU COMO A FUTILIDADE TOMOU DE ASSALTO A SOCIEDADE”)

Eu sou assinante da Sky, TV por assinatura, e ela é a responsável por preencher alguns os meus momentos de ócio preguiçoso diante do televisor. E o faz com imagens lindas e interessantes de animais dos mais variados,  de planetas , sóis, estrelas,  constelações,  com alguns filmes adoráveis ou nem tanto, com notícias de todo canto,  com séries que acabam com a seriedade dos meus dias e com outras coisas assim, que se sucedem no brilho da minha telinha. Programas, programas dos mais variados, a toda e qualquer hora, sempre a postos para me entreter por algum tempo.

Da maior parte deles eu gosto, e sempre que possível lá estou eu gargalhando com Sheldon Cooper ou morrendo de saudade com Bonanza, Arquivo X, Star Treck. Às vezes, só para passar o tempo, fico aprendendo pratos deliciosos que jamais prepararei com a Nigela ou viajando mundo afora com exploradores que me mostram coisas e lugares que jamais verei ao vivo e em cores. Tudo muito bom, tudo leve e gostoso.

Mas outro dia eu passei, por acaso, por um programa num canal qualquer, acho eu que no Multishow, e parei para ver por mera curiosidade. Quase não consegui acreditar nos meus olhos e ouvidos quando comecei a ver as imagens e ouvir as entrevistas. Tratava-se de um “desfile de unhas”, onde garotas pintavam suas unhas de maneiras “criativas”, adornavam suas mãos com laços, anéis, pulseiras, mais o escambau a quatro e faziam seus dedinhos caminharem por um tapetinho como se fossem pessoinhas desfilando, enquanto que duas mulheres nem tão jovens, as sofisticadas promotoras do evento, explicavam sobre a utilidade e absoluta necessidade de se apoiar um evento daquele tipo, visto que pintar as unhas hoje em dia não é mais apenas um detalhe, mas uma grande produção que centraliza as atenções de todos em eventos sociais.

Fiquei meio que suspensa no ar por alguns segundos, sem saber se realmente poderia acreditar naquilo que estava vendo e ouvindo.  Demorou um pouco para a ficha cair: aquelas mulheres ricas,  sorridentes e fúteis, estavam mesmo  falando um blá blá blá tipo besteirol completo sobre unhas decoradas, enquanto o mundo está pegando fogo.

As unhas desfilam no tapetinho enquanto os israelenses estão assassinando civis palestinos todo santo dia, com as bênçãos do governo norte-americano e a elegante indiferença internacional; favelas estão sendo metódica e criminosamente queimadas a cada novo dia em alguma grande cidade do Brasil para dar espaço à especulação imobiliária; o mensalão periga não dar em nada que se possa realmente chamar de justo; nossa presidente corta verbas da Saúde e da Educação nacionais e empresta bilhões para Cuba; a África sucumbe diante da violência, da fome, e milhares de criança morrem de subnutrição todos os dias; os escândalos políticos se sucedem um após o outro; os serviços públicos brasileiros estão em estado de calamidade e as fulanas fazem um desfile de unhas, que é filmado e divulgado na grande mídia como um evento digno de nota.

Sou só eu que acho que esta coisa toda está alienada e delirante demais, que está podre além da conta, que a falta de bom senso bateu seu maior recorde ou tem mais alguém que pense assim?  Serei apenas eu a chata de plantão, aquela que não delira com uma novidade destas, ou haverá mais pessoas como eu, pessoas que conseguem enxergar o tamanho deste engano, um engano recheado de lorotas e ilusões, em que está mergulhando a nossa sociedade?

E ainda há as perguntas que não querem calar: existe futuro e salvação para uma humanidade em que um desfile de unhas acontecendo num tapetinho de mentirinha é um fato relevante, a ponto de um canal de TV fazer um programa sobre isto? Minha mãe terá tomado LSD durante a gravidez ou o mundo é assim mesmo?