Bom dia a todos!
A vida é sempre surpreendente, não? Há dias em que pela manhã estamos nos sentindo vencedores, seres maravilhosos, plenos de sucesso. Daí então algo ruim acontece e nos leva a um estado de espírito negativo, escuro. Ou vice-versa: levantamo-nos com aquela sensação de que carregamos o peso do mundo nas costas e subitamente “póim!”: algo de bom acontece e a vida se nos mostra sorridente novamente.
Isso é comum a todos nós, mas pensando bem, me parece que o que nos faz realmente vencedores ou perdedores é a constância com a qual nos entregamos a construir nossos dias, a nossa regularidade em relação às nossas escolhas, nossa perseverança nos mesmos pontos de vista e a nossa entrega ao que fazemos. E penso que foi isto que este casal escolheu fazer: ser sempre fiel ao desejo de amar o outro dedicadamente. Boa leitura a todos.
UM CASAL FELIZ.
Ontem saí às ruas da cidade para buscar algo que não encontrei e que, admito, dificilmente encontrarei: uma forma de gelo dos tempos antigos, daquelas de alumínio, que tinham uma alavanca maneira para soltar os cubinhos de gelo sem esforço. Mais um item entre tantos outros que, sendo corriqueiro na infância, torna-se raridade nos dias práticos, desencantados e artificiais de hoje.
Não, não foi saudosismo exacerbado nem sessão nostalgia; o fato é que acabei de ler os resultados de algumas pesquisas científicas que mostram que a prática de aquecer ou congelar água em recipientes plásticos pode ocasionar a liberação de uma substância cancerígena (não me recordo agora do nome da danada!) na água e, consequentemente, pode nos adoecer seriamente.
Pois é, pra que dar sopa para o azar? E assim, munida das melhores intenções, entrei em umas seis ou sete lojas, todas localizadas próximas ao mercadão de Taubaté e “necas de pitibiriba”, eu não encontrei a tal forminha.
Se não encontrei o que buscava, verdade seja dita: encontrei um outro algo muito raro, interessante e bastante agradável de ver: encontrei um casal feliz, com uma história incomum e inspiradora, atrás do balcão de uma pequena loja (da qual eu também não recordo o nome).
Ocorre que entrei na loja e perguntei sobre a tal forminha, sendo informada que não havia a menor chance de encontrá-la onde quer que fosse dentro da cidade e então, já saindo, percebo que há uma infinidade de modelos de copos para liquidificadores expostos nas prateleiras. Bem, eu tenho um que está parado no armário há uns dois anos por falta de copo e aproveito a chance, perguntando ao lojista sobre o modelo tal da marca tal. E então o balconista, homem de seus cinqüenta e tantos anos, vira-se para a mulher, que aparenta uma idade semelhante e está do outro lado da loja, perguntando gentilmente:
-“Meu amor, você sabe se temos no nosso estoque um copo assim assado?”
E ela responde no mesmo tom de voz tranqüilo, sereno:
-“Espere um pouquinho, meu querido... eu já vou olhar lá nos fundos”.
Instantes depois ela volta, já com a peça nas mãos e diz:
-“Meu bem, eu encontrei... é o último deste modelo, precisamos repor o estoque”.
Ele retira o copo das mãos dela e agradece:
-“Obrigado, querida...”.
E eu fico ali, testemunha muda da ternura e do respeito que flui entre os dois. Observadora e curiosa como sempre, não resisto e pergunto:
-“Desculpem a curiosidade, mas há quanto tempo vocês são casados?”
E ele responde, sem rodeios nem reservas:
-“Atualmente estamos juntos há seis anos!”
-“Atualmente?”
-“Sim, porque nossa história é meio diferente das outras...”
E então começa a narrar as peripécias pelas quais passaram os dois. Namoraram quando jovens por alguns anos, mas por força das circunstâncias, acabaram por romper o relacionamento e acabaram se casando com outras pessoas. Passam-se mais de vinte anos e ambos, cada qual na sua cidade, divorcia-se de seu par e segue sua vida, como centenas de nós o fazemos costumeiramente.
E assim, num determinado momento, movida por aquele sonho indestrutível de ser e fazer feliz que toda mulher possui dentro de si, ela decide-se a fazer uma pesquisa, buscando pelo nome dele nas listas telefônicas e encontra um número. Ela liga, se reconhecem, falam dos anos passados e descobrem que ambos estão livres, disponíveis, e que nunca, jamais, esqueceram-se um do outro.
Desnecessário escrever aqui os detalhes do fim da história, não? Numa apoteose digna dos contos de fadas, eis que uma nova (e grande!) família surge no cenário: ele, suas quatro filhas, ela e suas duas filhas.
Não satisfeita com a narrativa espontânea e agradável, comento que o que me levou a perguntar sobre o casamento deles foi o respeito e o carinho que percebi na relação dos dói (algo incomum nos nossos dias apressados), expresso ali não em um ambiente de festa, de comemoração ou diversão, mas em plena luta diária, atrás de um balcão, onde ambos lutam pelo pão de cada dia, expostos a todo tipo de irritação e frustração, situações que todos enfrentamos no nosso dia-a-dia e que, costumeiramente, nos fazem ficar rabugentos e mal-humorados.
Ele esclarece: após terem passado por casamentos fracassados, ambos aprenderam que o que realmente faz a diferença numa relação não é a quantidade de dinheiro, a boa aparência ou um outro algo qualquer que não a amizade, o carinho, a dedicação e o respeito mútuo. Fala também do empenho consciente em tratar o outro bem, em fazer com que o outro se sinta especial o tempo todo.
Ao vê-los tão conscientes destes valores, tão dedicados à manutenção daquela relação duramente reconquistada, alegremente previ que este convívio compensador e saudável com certeza seguirá adiante, cheio de momentos felizes e de carinho por muito e muito tempo ainda.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
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