quarta-feira, 26 de dezembro de 2012


PARADIGMAS

Somos  seres livres, certo? Nascemos para ser livres e pensamos e agimos como se fosse realmente assim. Alguns de nós somos cultos, eruditos mesmo, capazes de opinião própria, ampla e bem fundamentada, libertária.

Mas a esmagadora maioria das pessoas vive condicionada pelo meio e pelas ideias impostas pelo sistema, sem se aperceber do quanto repete padrões e comportamentos universalizados, considerados bons, aceitos e festejados como apropriados. Um contingente imenso de seres humanos perambula pela vida a esmo, andando como autômato, consumindo o que lhe indicam, amando aquilo que lhe apontam como amável, odiando aquilo que lhe dizem para odiar.

Fruto de uma sociedade doente e manipuladora, sociedade que percebe o diferente como um perigo em potencial, o ser humano tenta se amoldar e se adaptar, tenta ingerir, digerir e assimilar tudo aquilo que lhe torna palatável e bem quisto pelo seu próximo. E, nesse meio tempo, ele perde seu brilho interior, sua capacidade de discernir e julgar, a partir de valores mais genuínos e puros, aquilo que realmente lhe serve e que pode ser um fator benévolo para seu entorno.

Como tudo isso acontece é fácil de compreender: a família perpetua seus valores, alguns claramente sem fundamentos válidos, enquanto a religião impõe medos e culpas sem fim (sem esses elementos não se controla ninguém!) e a escola convencional apara, desbasta, formata e embala para viagem. E ao fim do processo desta insana linha de montagem, nos deparamos com seres descoloridos, desprovidos de capacidade crítica, de personalidade, seres capazes de reproduzir à exaustão comportamentos nefastos e desagregadores.

Esta pequena história que cito abaixo nos demonstra, de forma simples e clara, como é muito fácil dirigir, adestrar e imbecilizar pessoas.

“Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula. Em seu centro havia uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os cientistas lançavam um jato de água fria nos que estavam no chão.

Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros o enchiam de pancadas e, passado mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas. Então, os cientistas substituíram um dos cinco macacos.

A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não mais subia a escada. Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, da surra ao novato. Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o fato. Um quarto e, finalmente, o último dos veteranos foi substituído.

Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse chegar às bananas. Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: - "Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui...".

(Pode até ser utópico, mas um dos meus maiores objetivos pessoais é tentar fazer com que nunca, jamais, em tempo algum, eu chegue ao ponto de impedir alguém de subir as escadas, de fazer coisas das quais não compreendo o sentido...)

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