PARADIGMAS
Somos seres livres, certo? Nascemos para ser livres e pensamos e agimos como se fosse
realmente assim. Alguns de nós somos cultos, eruditos mesmo, capazes de opinião
própria, ampla e bem fundamentada, libertária.
Mas a
esmagadora maioria das pessoas vive condicionada pelo meio e pelas ideias
impostas pelo sistema, sem se aperceber do quanto repete padrões e
comportamentos universalizados, considerados bons, aceitos e festejados como
apropriados. Um contingente imenso de seres humanos perambula pela vida a esmo,
andando como autômato, consumindo o que lhe indicam, amando aquilo que lhe
apontam como amável, odiando aquilo que lhe dizem para odiar.
Fruto
de uma sociedade doente e manipuladora, sociedade que percebe o diferente como
um perigo em potencial, o ser humano tenta se amoldar e se adaptar, tenta
ingerir, digerir e assimilar tudo aquilo que lhe torna palatável e bem quisto
pelo seu próximo. E, nesse meio tempo, ele perde seu brilho interior, sua
capacidade de discernir e julgar, a partir de valores mais genuínos e puros,
aquilo que realmente lhe serve e que pode ser um fator benévolo para seu
entorno.
Como
tudo isso acontece é fácil de compreender: a família perpetua seus valores, alguns
claramente sem fundamentos válidos, enquanto a religião impõe medos e culpas
sem fim (sem esses elementos não se controla ninguém!) e a escola convencional apara,
desbasta, formata e embala para viagem. E ao fim do processo desta insana
linha de montagem, nos deparamos com seres descoloridos, desprovidos de capacidade
crítica, de personalidade, seres capazes de reproduzir à exaustão
comportamentos nefastos e desagregadores.
Esta
pequena história que cito abaixo nos demonstra, de forma simples e clara, como
é muito fácil dirigir, adestrar e imbecilizar pessoas.
“Um
grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula. Em seu centro havia uma
escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia a escada para
apanhar as bananas, os cientistas lançavam um jato de água fria nos que estavam
no chão.
Depois
de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros o enchiam de
pancadas e, passado mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar
da tentação das bananas. Então, os cientistas substituíram um dos cinco
macacos.
A
primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente retirado
pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do
grupo não mais subia a escada. Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu,
tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, da surra ao novato. Um
terceiro foi trocado, e repetiu-se o fato. Um quarto e, finalmente, o último
dos veteranos foi substituído.
Os
cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo
tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse chegar às
bananas. Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em quem
tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: - "Não sei, as
coisas sempre foram assim por aqui...".
(Pode
até ser utópico, mas um dos meus maiores objetivos pessoais é tentar fazer com
que nunca, jamais, em tempo algum, eu chegue ao ponto de impedir alguém de
subir as escadas, de fazer coisas das quais não compreendo o sentido...)
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