sexta-feira, 25 de setembro de 2009

PROIBIÇÕES

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Outro dia eu li, em algum lugar, que são as leis e as proibições estipuladas por elas que fazem da nossa sociedade algo possível. Fiquei pasma! Eu sempre havia pensado que esse papel coubesse ao amor ou à fraternidade! Mas não, li que devemos agradecer apenas às leis. Como não concordei com isto, parei para refletir e cheguei a algumas conclusões pessoais e, assim, venho aqui para partilhar com vocês algumas proibições criadas por almas mais amáveis e complacentes, mais amorosas e poéticas. Sim, proibições. Mas não do tipo “Não pise na grama”, “Não fume”, Não entre sem autorização”. Não, vou falar de proibições outras, também urgentes e realmente benéficas a todos nós, de proibições que apenas nos prestigiam e promovem enquanto seres humanos.

Eu, particularmente, não acreditava e ainda não acredito muito em proibições, pois minha vida inteira conspirou para me fazer a acreditar que nada na vida é proibido, nada mesmo; tudo pode ser feito e vivenciado. Porém, se é verdade que tudo PODE ser feito ou vivenciado, nem tudo DEVE ser feito ou vivenciado. Por amor a nós mesmos e por amor ao outro, talvez devamos estar sempre muito atentos ao que é lícito ou não fazer, pois sermos a causa da desarmonia ou da infelicidade do outro é a última coisa que deveríamos desejar. E assim, entre o poder e dever, vamos nos equilibrando pela vida afora, caminhando sutilmente no fino fio da navalha que separa o bem do mal, o certo do errado, o que se deve ou não fazer.

Estas proibições a seguir, tão sensatas, urgentes e carinhosas, eu quero compartilhar com você e quero que você as respeite e pense nelas, que as leve a sério, certo? E não pense que elas nasceram da minha mente. Não senhor, elas vieram diretamente dos pensares de Pablo Neruda. Vamos lá:

“É proibido chorar sem aprender, levantar-se um dia sem saber o que fazer, ter medo de tuas lembranças. É proibido não rir dos problemas, não lutar pelo que se quer, abandonar tudo por medo, não transformar sonhos em realidade. É proibido não demonstrar amor, fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos, não tentar compreender o que viveram juntos, chamá-los somente quando necessita deles. É proibido não seres tu mesmo diante das pessoas, fingir que elas não te importam, ser gentil só para que se lembrem de ti, esquecer aqueles que gostam de ti.

É proibido não fazer as coisas por si mesmo, não crer em Deus e fazer seu destino, ter medo da vida e de seus compromissos, não viver cada dia como se fosse um último suspiro. É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar, esquecer seus olhos, seu sorriso só porque seus caminhos se desencontraram, esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.

É proibido não tentar compreender as pessoas, pensar que as vidas deles valem mais que a tua, não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte. É proibido não criar tua história, deixar de dar graças a Deus por tua vida, não ter um momento para quem necessita de ti, não compreender que o que a vida te dá, também te tira. É proibido não buscar a felicidade, não viver tua vida com uma atitude positiva, não pensar que podemos ser melhores, não sentir que sem ti este mundo não seria igual.”

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Complementando (com muito menos brilhantismo, tenho certeza!) os pensamentos do poeta, enumero outras proibições: desde já fica terminantemente proibido esquecer-se de se encantar com o azul dos céus, deixar de beber a água fresca da fonte; fica proibido esquecer-se de celebrar cada encontro, de chorar cada partida; fica proibido desacreditar da bondade, esquecer as coisas belas da infância, deixar de brincar livremente sempre que der vontade. Fica proibido censurar o desejo, essa mola que no impulsiona sempre para frente e cria universos. Fica proibido viver os dias futuros sem lamber a colher da massa do bolo, sem enfiar o dedo no glacê, sem rolar no chão com o cachorro, sem dormir com o gato, sem beijar a quem se ama, sem dar as mãos a quem precisa. Fica, em última instância, terminantemente proibido viver sem se enterrar, até o último fio de cabelo da cabeça, na ampla, benéfica, poética e inestimável experiência que é a VIDA!
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Um comentário:

Ivan Neder disse...

Muito bom, que proibições verdadeiras!