quarta-feira, 30 de setembro de 2009

PROFECIAS MAIAS - SINAIS DOS TEMPOS.

(publicado no diário de Taubaté em 01/10/2009)
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Devo admitir que sempre tive ao menos um pezinho do meu intelecto fincado nos reinos do estranho, do diferente, do chamado “oculto”, fato que constantemente me leva a me interessar por coisas não muito convencionais.

Acontece que estas coisas, depois de algum tempo, acabam por se tornar populares, quer por modismos (como o caso da Índia, país de cuja cultura eu já assimilei vários hábitos há anos e que agora se tornou “a bola da vez” por conta da novela global), ou por mero reconhecimento público mesmo, caso da acupuntura, dos florais, da homeopatia, da iridologia, dos efeitos terapêuticos da meditação e outras coisinhas assim. Desde muito cedo eu me interesso por assuntos transcendentes, diferentes, estranhos. Por conta disto, minha biblioteca é um tanto bizarra, contando com títulos variados que abordam muitos temas interessantes.

Nestes últimos anos, um assunto que tem tomado conta do meu imaginário (e de boa parte do meu tempo livre) é a questão da transição planetária, evento anunciado aos quatro ventos por muitas tradições filosóficas e/ou religiosas. De Nostradamus aos índios Hopi, passando pelo webbot, pelo Apocalipse Segundo São João, pelas previsões de atividades solares anormais pelos astrônomos e chegando aos Maias (entre outros), temos um mosaico interessantíssimo de previsões variadas que apontam todos na mesmíssima direção: o ano de 2012, quando tudo deve convergir para um ponto de transição após o qual a Terra e sua civilização, tal como a conhecemos, jamais será a mesma.

Dentre todas estas fontes de informações, todas absolutamente disponíveis, de forma acessível e democrática, na internet (basta acessar WWW.google.com.br e digitar profecias), pretendo abordar as Profecias Maias, para repartir com vocês um pouco do que andei estudando. É um tema polêmico, que pode suscitar desde más interpretações ou receios até gargalhadas jocosas de descrença... por isso sugiro que vocês leiam com isenção de ânimo: se não puder se levar a sério, com certeza poderá servir como uma ficção e tanto, que irá entreter seus dias.

Algumas das previsões feitas pelos Maias parecem estar começando a se precipitar do imaginário na realidade. Os Maias previram o “fim” desta humanidade centrada no aspecto material da vida em 21/12/2012 e deixaram sete profecias que ocorreriam antes deste dia. A quinta profecia disse: quebra da economia mundial. Você liga o noticiário e ouve: “Pânico nos mercados!”, " Dólar tendo maior alta em um dia”, “quebra de bancos”, “recessão na economia Americana”, e muito mais. Acontece que estes acontecimentos foram previstos pelos Maias há centenas de anos atrás.

Os maias foram um povo com amplo conhecimento de astronomia e matemática, que adoravam o céu. Eles previram o colapso de sua civilização (e acertaram) e previram o colapso da nossa também. Inclusive dizendo a data: 21/12/2012. Antes desta data, eles profetizaram sete profecias que aconteceriam com o mundo, que são elas:

1ª Profecia: O final do medo

2ª Profecia: Anuncia que o comportamento de toda a humanidade mudaria rapidamente a partir do eclipse do sol de 11/08/1999.

3ª Profecia: diz que uma onda de calor aumentará a temperatura do planeta, produzindo mudanças climáticas, geológicas e sociais, em uma magnitude sem precedentes e a uma velocidade assombrosa.

4ª Profecia: Diz que o aumento da temperatura do planeta, causado pela conduta antiecológica do ser humano e por uma maior atividade do sol provocará um derretimento de gelo nos pólos (terremotos, tsunamis, enchentes, furacões e outros eventos climáticos são todos derivados desta condição do aquecimento e estão acontecendo aos borbotões).

5ª Profecia: Os sistemas falharão para que o ser humano enfrente-se a si mesmo, para que ele veja a necessidade de reorganizar a sociedade e continuar no caminho da evolução que nos levará a entender a criação. O sistema econômico, que regulamenta, quantifica e põe um preço nas relações do planeta está errado. A economia do ser humano contemporâneo está orientada por princípios de agressão e é incompatível com um universo em harmonia.

Vamos dar uma pausa, porque você ficou coçando a cabeça! Até aqui tudo aconteceu. É o que se ouve falar: aquecimento Global, derretimento das geleiras e agora a quinta-profecia está se cumprindo, a que diz respeito à economia mundial! Mas não se esqueça que estas profecias foram escritas a centenas de anos atrás! Terminando esta coluna de hoje, vamos abordar as outras duas profecias que faltam ser cumpridas:

6ª Profecia: Diz que nos próximos anos aparecerá um cometa (nota: Marduk, Nibiru/ Planet X) cuja trajetória colocará em perigo a própria existência do ser humano. (alguns cometas grandiosos andaram passeando por perto do nosso planeta nos últimos anos, tendo sido avistados pelos astrônomos apenas quando já estavam absolutamente perto da atmosfera... por sorte, passaram ao largo!)

7ª Profecia: Fala do momento em que o sistema solar em seu giro cíclico sai da noite para entrar no amanhecer da galáxia. Ela nos diz que nos 13 anos que vão desde 1999 até 2012, o centro da galáxia sincroniza todos os seres-vivos e permite a eles concordar, voluntariamente, com uma transformação interna que produz novas realidades. E que todos os seres humanos tem a oportunidade de mudar e romper suas limitações, percebendo um novo sentido para a vida que não o material. Os seres humanos que voluntariamente encontrem seu estado de paz interior, elevando sua energia vital, levando sua freqüência de vibração interior do medo para o amor, poderão captar e expressar-se através do pensamento, e com ele florescerá um novo sentido.

E assim deixo aqui esta introdução, este painel, para voltar na semana que vem abordando mais profundamente a primeira profecia e, depois, uma outra por semana. Comentários e mais informações ou bate-papos sobre o assunto são muito bem-vindos... meublogdepapel@gmail.com

Até mais ver!

(Fonte http://www.acemprol.com/viewtopic.php?f=16&t=3458)
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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

PROIBIÇÕES

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Outro dia eu li, em algum lugar, que são as leis e as proibições estipuladas por elas que fazem da nossa sociedade algo possível. Fiquei pasma! Eu sempre havia pensado que esse papel coubesse ao amor ou à fraternidade! Mas não, li que devemos agradecer apenas às leis. Como não concordei com isto, parei para refletir e cheguei a algumas conclusões pessoais e, assim, venho aqui para partilhar com vocês algumas proibições criadas por almas mais amáveis e complacentes, mais amorosas e poéticas. Sim, proibições. Mas não do tipo “Não pise na grama”, “Não fume”, Não entre sem autorização”. Não, vou falar de proibições outras, também urgentes e realmente benéficas a todos nós, de proibições que apenas nos prestigiam e promovem enquanto seres humanos.

Eu, particularmente, não acreditava e ainda não acredito muito em proibições, pois minha vida inteira conspirou para me fazer a acreditar que nada na vida é proibido, nada mesmo; tudo pode ser feito e vivenciado. Porém, se é verdade que tudo PODE ser feito ou vivenciado, nem tudo DEVE ser feito ou vivenciado. Por amor a nós mesmos e por amor ao outro, talvez devamos estar sempre muito atentos ao que é lícito ou não fazer, pois sermos a causa da desarmonia ou da infelicidade do outro é a última coisa que deveríamos desejar. E assim, entre o poder e dever, vamos nos equilibrando pela vida afora, caminhando sutilmente no fino fio da navalha que separa o bem do mal, o certo do errado, o que se deve ou não fazer.

Estas proibições a seguir, tão sensatas, urgentes e carinhosas, eu quero compartilhar com você e quero que você as respeite e pense nelas, que as leve a sério, certo? E não pense que elas nasceram da minha mente. Não senhor, elas vieram diretamente dos pensares de Pablo Neruda. Vamos lá:

“É proibido chorar sem aprender, levantar-se um dia sem saber o que fazer, ter medo de tuas lembranças. É proibido não rir dos problemas, não lutar pelo que se quer, abandonar tudo por medo, não transformar sonhos em realidade. É proibido não demonstrar amor, fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos, não tentar compreender o que viveram juntos, chamá-los somente quando necessita deles. É proibido não seres tu mesmo diante das pessoas, fingir que elas não te importam, ser gentil só para que se lembrem de ti, esquecer aqueles que gostam de ti.

É proibido não fazer as coisas por si mesmo, não crer em Deus e fazer seu destino, ter medo da vida e de seus compromissos, não viver cada dia como se fosse um último suspiro. É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar, esquecer seus olhos, seu sorriso só porque seus caminhos se desencontraram, esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.

É proibido não tentar compreender as pessoas, pensar que as vidas deles valem mais que a tua, não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte. É proibido não criar tua história, deixar de dar graças a Deus por tua vida, não ter um momento para quem necessita de ti, não compreender que o que a vida te dá, também te tira. É proibido não buscar a felicidade, não viver tua vida com uma atitude positiva, não pensar que podemos ser melhores, não sentir que sem ti este mundo não seria igual.”

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Complementando (com muito menos brilhantismo, tenho certeza!) os pensamentos do poeta, enumero outras proibições: desde já fica terminantemente proibido esquecer-se de se encantar com o azul dos céus, deixar de beber a água fresca da fonte; fica proibido esquecer-se de celebrar cada encontro, de chorar cada partida; fica proibido desacreditar da bondade, esquecer as coisas belas da infância, deixar de brincar livremente sempre que der vontade. Fica proibido censurar o desejo, essa mola que no impulsiona sempre para frente e cria universos. Fica proibido viver os dias futuros sem lamber a colher da massa do bolo, sem enfiar o dedo no glacê, sem rolar no chão com o cachorro, sem dormir com o gato, sem beijar a quem se ama, sem dar as mãos a quem precisa. Fica, em última instância, terminantemente proibido viver sem se enterrar, até o último fio de cabelo da cabeça, na ampla, benéfica, poética e inestimável experiência que é a VIDA!
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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A EDUCAÇÃO DO OLHAR

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“Os olhos são as janelas da alma”. E o que é mesmo que essa nossa alma inquieta tanto espia, estendendo sem parar a sua curiosidade para fora de nós?

Olhamos as pessoas, seus carros reluzentes, suas roupas mais ou menos caras, seus corpos mais ou menos magros; olhamos os outdoors coloridos, cheios de promessas vãs de felicidade; olhamos os semáforos eternamente fechados para nós; olhamos as vitrines coloridas, sempre recheadas com os objetos mais ou menos obscuros dos nossos desejos.

Olhamos, olhamos, olhamos... na verdade vemos quase nada, mas olhamos tudo o tempo todo, até nos fartarmos, até nos cansarmos. Olhamos sem ver e olhamos sem parar, olhamos ansiosamente, colecionando cenas na retina como as praias colecionam grãos de areia.

Com grande sabedoria Rubem Alves diz: -“Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. O ato de ver não é coisa natural, precisa ser aprendido”.

Tempos atrás um amigo me mostrou algumas fotos de uma viagem que fez à Argentina, e em uma delas ele estava dentro de uma barcaça de rio pronto para fazer um passeio. Ele me falou sobre a barca, sobre o rio, sobre o preço da passagem e reclamou que a foto poderia ter ficado melhor se o dia não estivesse tão cinzento. Enquanto ele falava, a única coisa que verdadeiramente me chamava à atenção na foto era uma árvore ainda parcialmente coberta com as mesmas flores púrpuras que eu via derramadas, às centenas, por sobre toda calçada. Aquela árvore soberana, frondosa e bela, havia providenciado para os passantes um belíssimo tapete de flores, colorido como um dia de primavera. Que importava que o dia estivesse cinzento? Bastava olhar para aquela festa toda, dividida entre o chão e a árvore, para qualquer tristeza zarpar na mesma hora. Mas acreditem se quiserem: ele nunca, jamais, tinha visto as flores e a árvore antes de eu chamar a atenção dele para o fato. Ele até mesmo ficou surpreso com o fato de existir uma árvore lá!

“Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.”

Eu realmente olho sem ver o movimento dos carros na rua, as filas dos bancos, das lotéricas, dos correios; eu olho sem ver as vitrines sempre cheias de coisas novas que apenas repetem as antigas em novas cores e formas; eu olho sem ver as massas que percorrem as ruas como zumbis, indo e vindo incessantemente, numa aparente alienação que chega a me cansar.

Mas meus olhos realmente param, vêem, reparam e se encantam com folhas, pedras, animais e flores quando os encontro num parque ou jardim (mesmo com os mais minúsculos!); meus olhos se regalam com as nuvens do céu quando são fofas demais, “penteadas pelos ventos” ou pesadas e escuras, prontas para deixar desaguar aquele mundaréu de água sobre esse mundo de meu Deus. Cada curva, cada textura, cada cor, cada forma exibida pela mãe natureza entra grandemente em mim, e não só pelos olhos, mas pelos poros. É um tipo de olhar mais pleno, que observa e repara atentamente. Um olhar mais integral, que permite a fusão do observador ao objeto observado.

Meus olhos se enternecem com filhotes de qualquer espécie. Eles, os meus olhos, também percorrem alegremente a parte mais alta dos prédios da cidade quando ando pelas ruas, encontrando quase sempre uma janela mais antiga, uma linha arquitetônica do início do século ou até mesmo outros olhos atentos, que também olham.

“Os olhos têm que ser educados para que nossa alegria aumente”, eis Rubem Alves de novo.

Sabe aquela cor que cria água na nossa boca, lembrando-nos de algum sabor inesquecível? Ela habita o mundo das coisas belas que nos rodeiam e que nem sempre percebemos, focalizados que estamos em poupar tempo. E são do mundo das coisas belas também aquela concha com forma bizarra e original, aquele quadro bonito pendurado na parede, os cachos redondinhos dos cabelos de uma criança, a mancha de molho de tomate com forma de borboleta sobre a toalha da mesa, o raio de sol que se esgueira pelo buraquinho da porta e vem mostrar para nós a poeira dançarina que habita nosso quarto, os olhos brilhantes daqueles que amam, as formas sensuais dos instrumentos de cordas, as texturas variadas que formam os corpos das pessoas.

Se podes olhar, vê; se podes ver, repara... e assim adentrarás este mundo das coisas belas, mundo proibido aos de olhos apressados e insensíveis, aos amargos e rancorosos, àqueles que já perderam de uma vez por todas o contato com aquela criança interior que vive dentro de cada um e que aponta com teimosia e fé inabalável para o futuro mais bonito, mais colorido e absolutamente encantador que ela sabe ser possível.
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MUDAM AS MOSCAS, MAS A CACA...

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Neste feriado de sete de Setembro fui para o sul Minas Gerais encontrar alguns amigos muito especiais para trocar idéias e revitalizar a mente, abrir a percepção e derrubar antigos conceitos falidos, discutindo assuntos incomuns e urgentes para nós. E algumas das nossas discussões, talvez as mais acaloradas, cutucaram aquele meu ladinho mais chato, mais “crica”, aquele meu lado que olha meio impiedosamente para os fatos da vida. E assim, eis que me peguei pensando na jornada humana, traçada a ferro, fogo, suor e lágrimas ao longo da história planetária.

Vejam só: há quinze mil anos éramos modernos caçando, com lanças de pontas de pedra afiada, a carne para nossas mesas, nos sentindo digníssimos exemplares masculinos, plenos de coragem e virilidade; há aproximadamente oito mil anos éramos moderníssimos ao caçar e guerrear com lanças e espadas de metal, nos sentindo digníssimos exemplares masculinos, plenos de coragem e virilidade; há cerca de mil anos, nos tornamos atualíssimos ao descobrir a pólvora e ao aprendermos a matar à distância, sem precisar sujar as mãos com o sangue da caça ou do inimigo, nos sentindo digníssimos exemplares masculinos, plenos de coragem e virilidade. Hoje disparamos bombas (atômicas ou não), canhões, metralhadoras, fuzis, gases tóxicos e outras armas poderosas no planeta inteiro a cada segundo, nos sentindo digníssimos exemplares masculinos, plenos de coragem e virilidade.

Na verdade, tudo o que sempre fizemos foi sobreviver belicosamente, provando masculinidade (para conquistar a fêmea), subjugando o inimigo que nos colocava em risco, numa busca desesperada de poder, de dominação, de reconhecimento e aceitação.

Há mais de seis mil anos descobríamos a joalheria e nos enfeitávamos com milhares de penduricalhos variados, nos sentindo as rainhas da beleza e da sedução; há mais de quatro mil anos atrás descobríamos a maquiagem e os óleos embelezadores, nos pintando, nos embelezando e nos sentindo as rainhas absolutas da beleza e da sedução; nos tempos do Rococó descobríamos os saltos altos, as perucas e os espartilhos, nos sentindo as rainhas absolutas da beleza e da sedução; nos anos 60 do século XX desestruturamos as formas e queimamos sutiãs nas ruas, nos sentindo as rainhas absolutas da beleza e da sedução; atualmente, maldizemos a natureza que nos constitui e zombamos dela furando, cortando, costurando e mutilando nossos corpos para diminuir isso, aumentar aquilo, imobilizar um músculo, esticar aquilo outro ou extirpar um pedaço aqui e outro ali, nos sentindo as rainhas absolutas da beleza e da sedução.

Na verdade, tudo o que fizemos ao longo dos milênios, foi nos sujeitar a todo tipo de modismo e imposição estética para sermos desejadas e consumidas pelos homens, numa busca desesperada de poder, de reconhecimento e aceitação.

Não me parece, olhando assim meio de relance, que a jornada empreendida pela humanidade dos tempos pré-históricos aos dias de hoje, tenha sido coroada por algum êxito maior do que a mera sobrevivência. Antes que você esbraveje demais já vou avisando que eu concordo - uma sobrevivência permeada por ocasionais conquistas tecnológicas agradáveis, por certo, mas que apenas geraram novas formas de conseguir as mesmas coisas de sempre. Afinal, é claro que é melhor caçar mulheres com um BMW reluzente do que com um porrete de madeira e é muito mais agradável seduzir um homem com implantes de silicone nos seios do que cozinhando ou parindo filhos.

Mudam as moscas, mas a caca continua a mesma.

Acorrentados às tendências e necessidades humanas atávicas, nós seguimos através das eras como robôs, criando formas diferenciadas de produzir resultados cada vez mais sofisticados para atendermos às mesmas necessidades ancestrais de dominação, sedução, conquista, posse ou destruição.

Exceção feita aos verdadeiros artistas, seres especiais que seguem uma trilha paralela e escrevem uma história um pouco diferente a partir de códigos próprios, nós apenas repetimos padrões, hipocritamente mascarando estas repetições com rótulos de novidade, talvez para não ficarmos chocados com nossa falta de originalidade. Na verdade, temos andado em círculos ao buscar as mesmas coisas de sempre (o poder, o reconhecimento e a aceitação) da mesma forma de sempre: através da violência, da sedução, com egoísmo e força bruta, sem solidariedade nem consciência em relação à vida que fora de nós habita. Se você não me acredita, apenas leia atentamente todo este jornal que você tem em mãos e assista a todos os noticiários da TV de hoje.

Para não deixar um gostinho amargo ao final desta pequena coluna, registro que quero muito crer que as coisas poderão um dia mudar e que a consciência humana ainda poderá atingir a maioridade, liberando-se destes condicionamentos ancestrais tão pobres, limitadores e tristonhos, transcendendo o ego a ponto de realmente evoluir na direção de uma redenção humana e planetária. Vamos todos torcer por isto?
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