BIZARRICES.
Que o ser humano é
ocasionalmente bizarro é uma verdade já consagrada em todo canto. Há os que nos
chocam com suas bizarrices, assim como há os que nos encantam e divertem com
suas peculiaridades bizarras.
Mas há os que realmente “pulam
o Corguinho” quando se trata de perder a noção da normalidade, do bom senso, né
não?
Estou sem internet em
casa, pois moro numa chácara cercada de morros e árvores altas, o que não
permite sequer a boa e velha internet movida à lenha, ou seja, internet à rádio.
Enfim, tenho que vir ao cibercafé sempre que preciso acessar a internet e isso
tem causado problemas vários, como a minha falta de assiduidade a esta amada
coluna.
Outro dia eu estava aqui,
sentadinha, mandando material para as aulas de música da escola quando um rapaz
novo, descoladésimo, se sentou na cadeira ao meu lado e ligou o skipe (para
quem não sabe, é uma programa que permite conversar e ver a pessoa do outro
lado, um videofone). Logo conectou-se com outro rapaz tão novo quanto ele e
iniciou uma conversa sui generis. Sem preâmbulos nem maiores cerimônias, foi
perguntando ao rapaz se ele era passivo ou ativo.
Uau, subitamente o ciber
todo parou de teclar para começar a ouvir melhor depois dessa... afinal, não é
todo dia que se ouve uma pergunta dessas em público, feita em voz alta e clara.
O cara respondeu algo que
não ouvimos, porque é claro que o moço ao meu lado usava um fone de ouvidos,
mas deve ter perguntado ao rapazinho de onde ele estava falando. E o moço
respondeu candidamente que estava no cibercafé. O outro deve ter se incomodado
muito com isso, porque o que estava ao meu lado ficou uns bons cinco minutos
perguntando: “O que é que tem?” “Qual o problema?” e argumentando que era tudo absolutamente
normal. Ele deve ter tido sucesso com o amigo, porque o discurso original continuou
em alto e vibrante tom. Perguntas como “quantos anos ele tem?”, “é ativo ou
passivo?”, “ele cobra o programa?” se sucederam e o papo continuou assim por
mais ou menos uma hora.
Vejam bem, nada tenho
contra a homossexualidade, na verdade tenho amigos muito amados que são
homossexuais. O que me fez achar o discurso do moço bizarro não foi o conteúdo
da conversa em si, mas a abertura das intimidades dele com estranhos ocasionais
que estavam sentados ao lado dele. Isso é algo estranho, bizarro mesmo para
mim, pois seria como se todos nós nos puséssemos a falar sobre nossas
performances e preferências sexuais para platéias de desconhecidos no meio da
rua, o que para mim é algo horrendo.
Sou só eu que acho isso
estranho ou tem mais gente que pensa como eu?
Ah, o ser humano, fonte de
infinitas surpresas e comportamentos. Neste caso, nada de mais significativo,
pois não fez mal algum a ninguém, só deixou alguns meio pasmos e outros tantos
chocados. Eu, pessoalmente, me diverti bastante, pois a singularidade da
conversa realmente foi hilária.
E assim vamos indo,
conhecendo mais e mais a cada dia, aprendendo e ampliando nosso conhecimento do
mundo a cada passo. Uma benção isso, não?
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