quarta-feira, 10 de setembro de 2008

DO PÓ AO PÓ.

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Queria ter nascido rude e seca
capim rasgando o duro chão estéril
praga ferrenha e dura de arrancar
um mato feio, duro e sem mistério.
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Queria ter nascido rude, áspera,
rasa qual cova de defunto pobre
incapaz de ver mais do que o óbvio
deste insensato mundo que me cobre.
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Mas eis que nasço como planta frágil
em terra fértil, fofa e bem cuidada
e se de folhas já sei um bom tanto
das tais raízes não entendo nada.
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Tal natureza maldiz e atraiçoa,
não permitindo em solo ruim viver
mas em troca promete mil maneiras
de ensinar-me aos poucos fenecer.
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Quando das folhas não restar mais nada
e só um sopro for todo meu ser
secarei muda, inerte e compassiva,
deixando a vida para então viver.
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