quarta-feira, 10 de setembro de 2008

DE FLORES E DESEJOS.

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Se um desejo é ponto de partida
Para o fazer, o ter e o conquistar
Porque não poderia ser ele também
Mais um caminho que nos leve a amar?
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Se move terras, céus, pessoas, mundos
Se ele até planta o trigo que faz pão,
Sei que é possível ao desejo também
Levar amor a qualquer coração.
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Pobre desejo, vil e desprezado,
Incompreendido e aviltado até
A sete chaves vai trancafiado
Por todo aquele que nega quem é.
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Humanos somos, seres desejosos
Nossa essência Deus criou assim
E compreender sem censura os desejos
Pode ser um melhor caminho, enfim.
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Como alquimistas do sentimento,
Viajantes atentos do eterno viver,
Semeemos em paz os nossos desejos
Em novos férteis jardins a florescer.
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DO PÓ AO PÓ.

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Queria ter nascido rude e seca
capim rasgando o duro chão estéril
praga ferrenha e dura de arrancar
um mato feio, duro e sem mistério.
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Queria ter nascido rude, áspera,
rasa qual cova de defunto pobre
incapaz de ver mais do que o óbvio
deste insensato mundo que me cobre.
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Mas eis que nasço como planta frágil
em terra fértil, fofa e bem cuidada
e se de folhas já sei um bom tanto
das tais raízes não entendo nada.
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Tal natureza maldiz e atraiçoa,
não permitindo em solo ruim viver
mas em troca promete mil maneiras
de ensinar-me aos poucos fenecer.
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Quando das folhas não restar mais nada
e só um sopro for todo meu ser
secarei muda, inerte e compassiva,
deixando a vida para então viver.
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